terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Texto vencedor - Um Natal de recomeços

Um Natal de recomeços


Há muitos e muitos anos numa pequena aldeia chamada Folha Branca festejava-se uma
época muito especial chamada de Natal. Essa aldeia era graciosa, fria, coberta de neve no
inverno e coberta de cravinas, cravos e dálias no verão.

Nessa aldeia vivia um rapaz pobre chamado Daniel. Daniel era loiro com os olhos
azuis cinza que brilhavam mais do que qualquer diamante. Era um rapaz lindíssimo e
muito bondoso, mas não era feliz. Não tinha uma casa nem tinha uma família por isso não
conseguia sentir o Natal. Não sentia a sua magia, não sentia o amor, nem o seu espírito.
Olhava à sua volta e reparava na felicidade de todas as pessoas e gostava de vê-las assim.
Com as gargalhadas que ouvia, os sorrisos que via nas suas caras, mas nunca conseguira
sentir aquilo na sua vida. Passava o Natal no norte de Folha Branca onde se podia sentir
em paz, mas não sentia felicidade. Para encontrar comida tinha de atravessar vales e
florestas, montanhas e rochedos. Os outros habitantes da cidade nunca tinham dado por
ele, pois ele não gostava de se mostrar.

No dia de Natal chegou uma pequena aia a Folha Branca. O seu nome era Amália. Era
uma rapariga linda. O seu cabelo era da cor do caramelo e seu olhar era o de um anjo.
Passava o Natal a trabalhar e a servir os mais ricos. Tal como Daniel não era feliz e nunca
aprendera o significado dessa palavra. Quando chegou, ficou maravilhada com tudo à sua
volta. Estava tudo enfeitado com luzes brilhantes, azevinhos e pinheiros. Enquanto se
dirigia para a casa de seu chefe, para servi-lo, reparou num jovem que se escondia por
detrás de umas árvores. Esse jovem era Daniel que rapidamente fugiu quando reparou
que Amália o avistou. Amália correu atrás dele para poder saber quem era.
- Espere! Não vá! - gritou Amália.

Ao ouvir a voz da jovem, Daniel parou perguntando-lhe:

- O que quer de mim?

- Queria saber quem é e porque está a fugir…

Daniel contou a sua história a Amália e ela percebeu que afinal não era a única que
nunca sentira a felicidade. Depois de uma longa conversa, sentaram-se em frente a uma
casa velha e destruída. Curiosos quiseram entrar. Mal entraram repararam que não restava quase nenhuma antiguidade da casa, mas Daniel reparou numa pequena carta caída no chão. Amália insistiu que Daniel lêsse a carta e ele assim o fez. Na carta estava escrito:
“Sou o José, o homem que trouxe paz a Folha Branca. Não sei em que ano ou em que
época estamos, mas quem ler esta carta de certeza que é alguém especial. Eu não estou
neste mundo, mas espero que o que fiz há bastantes anos, se mantenha. O meu dever
sempre foi preservar a paz da minha bonita aldeia. No dia de Natal algo de bom vai
realizar-se. Um desejo irá mudar a vida de indivíduos que não são felizes nesta época
especial, mas para isso necessitará de fazer algo. Terá de se dirigir ao norte de Folha
Branca e subirá à enorme montanha gritando: Eu desejo ser feliz.”
Assim que Daniel acabou de ler a carta, esta imediatamente desapareceu. Amália e
Daniel perceberam que teriam de fazer aquele dever para mudar as suas vidas em algo
melhor. Parecia algo impossível, contudo iria realizar o maior desejo dos jovens. No dia
de Natal partiram em direção ao norte e com sorte, estariam lá ao anoitecer. O vento
rasgava o ar, a água enchia o riacho e a neve caía lentamente. A viagem tornava-se cada
vez mais difícil e Amália não estava a conseguir continuar.

Daniel virou-se para ela e afirmou:

- Amália, não pode desistir! Temos de nos dirigir para o norte, por mais difícil que
seja!
- Mas eu já não tenho forças! Vou acabar por morrer congelada. Vai ter de continuar
sem mim. – respondeu Amália em sofrimento.

Nesse momento Daniel não sabia o que fazer. Só sabia que não podia deixar Amália
naquele estado. Era a única pessoa que o compreendera e que o podia ajudar a ser feliz.
Agarrou em Amália, enrolando o seu casaco em redor dela. Começou a correr contra os
ventos, as águas e a neve gelada dirigindo-se o mais rapidamente ao norte de Folha
Branca. Por fim, quando chegou à grande montanha pousou Amália numa rocha gritando:
- Desejo ser feliz com a Amália e que o futuro nos una! Tudo o que eu preciso é dela.
Ditas as palavras, o vento, as águas e a neve pararam. A tempestade adormeceu e no
cimo da enorme montanha ergueu-se uma bonita casa de madeira toda iluminada. Daniel
não olhando para a casa, dirigiu-se a Amália perguntando:

- Está bem? A tempestade já terminou, pode levantar-se.

Demorou um pouco a obter a resposta e Daniel começou a ficar preocupado, mas assim
que lhe deu a mão viu os seus olhos a abrirem-se lentamente e Amália levantou-se
abraçando Daniel.

O final deste conto já se sabe. Ficaram os dois juntos e foram felizes, percebendo
que a felicidade estava à sua frente. Apesar de terem uma casa e condições para viver, a
maior felicidade dos dois era terem-se um ao outro.


Carolina Viegas, 8º ano

 

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