segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

O desejo do inalcançável (desafio de novembro)


O inverno vem e com ele vem a noite, como o anseio todos os anos. Os dias passam, e nada muda. Ultimamente tenho ansiado o inverno mais do que nunca, mas acredito que o tempo não está a meu favor, pois ele nunca mais chega. Como desejo aquele conforto do meu lar num dia frio, a ouvir o terror da chuva e dos trovões, ter a certeza da vivacidade da Terra. A saudade que tenho da chuva. Os dias passam, e o calor ensurdecedor permanece, “Tenho ódio à luz e raiva à claridade”. O sufoco constante e a necessidade de libertação vêm com o verão, e com ele se mantém, até que o ciclo ordenado e certeiro da Natureza os leve. Entretanto, esperamos. Bem podemos sonhar com o dia que o gelo nos arrefeça as mãos, mas nada podemos fazer para alterar o curso natural da vida, afinal, o calor é essencial. 

Ás vezes pergunto-me quanto tempo mais terei que aguardar. Dava de tudo para controlar o espaço-tempo e viver infinitamente na comodidade das baixas temperaturas. Dessa forma, poderia observar os orvalhos da alvorada sempre que a minha razão assim mandar. Até lá, limito-me ao ódio e à raiva por todas as lembranças do verão, desejando sempre que um dia acorde e tudo mude. 

 

 “Tenho ódio à luz e raiva à claridade” - Florbela Espanca, Livro de Mágoas 

Carolina Brandão, 11ºA 


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