Um Natal de recomeços
Há muitos e
muitos anos numa pequena aldeia chamada Folha Branca festejava-se uma
época muito
especial chamada de Natal. Essa aldeia era graciosa, fria, coberta de neve no
inverno e coberta
de cravinas, cravos e dálias no verão.
Nessa aldeia vivia um rapaz
pobre chamado Daniel. Daniel era loiro com os olhos
azuis cinza que
brilhavam mais do que qualquer diamante. Era um rapaz lindíssimo e
muito bondoso,
mas não era feliz. Não tinha uma casa nem tinha uma família por isso não
conseguia sentir
o Natal. Não sentia a sua magia, não sentia o amor, nem o seu espírito.
Olhava à sua
volta e reparava na felicidade de todas as pessoas e gostava de vê-las assim.
Com as
gargalhadas que ouvia, os sorrisos que via nas suas caras, mas nunca conseguira
sentir aquilo na
sua vida. Passava o Natal no norte de Folha Branca onde se podia sentir
em paz, mas não
sentia felicidade. Para encontrar comida tinha de atravessar vales e
florestas,
montanhas e rochedos. Os outros habitantes da cidade nunca tinham dado por
ele, pois ele não
gostava de se mostrar.
No dia de Natal chegou uma
pequena aia a Folha Branca. O seu nome era Amália. Era
uma rapariga
linda. O seu cabelo era da cor do caramelo e seu olhar era o de um anjo.
Passava o Natal a
trabalhar e a servir os mais ricos. Tal como Daniel não era feliz e nunca
aprendera o
significado dessa palavra. Quando chegou, ficou maravilhada com tudo à sua
volta. Estava
tudo enfeitado com luzes brilhantes, azevinhos e pinheiros. Enquanto se
dirigia para a
casa de seu chefe, para servi-lo, reparou num jovem que se escondia por
detrás de umas
árvores. Esse jovem era Daniel que rapidamente fugiu quando reparou
que Amália o
avistou. Amália correu atrás dele para poder saber quem era.
- Espere! Não vá!
- gritou Amália.
Ao ouvir a voz da jovem,
Daniel parou perguntando-lhe:
- O que quer de mim?
- Queria saber quem é e porque
está a fugir…
Daniel contou a sua história a
Amália e ela percebeu que afinal não era a única que
nunca sentira a
felicidade. Depois de uma longa conversa, sentaram-se em frente a uma
casa velha e
destruída. Curiosos quiseram entrar. Mal entraram repararam que não restava quase
nenhuma antiguidade da casa, mas Daniel reparou numa pequena carta caída no chão.
Amália insistiu que Daniel lêsse a carta e ele assim o fez. Na carta estava
escrito:
“Sou o José, o
homem que trouxe paz a Folha Branca. Não sei em que ano ou em que
época estamos,
mas quem ler esta carta de certeza que é alguém especial. Eu não estou
neste mundo, mas
espero que o que fiz há bastantes anos, se mantenha. O meu dever
sempre foi
preservar a paz da minha bonita aldeia. No dia de Natal algo de bom vai
realizar-se. Um
desejo irá mudar a vida de indivíduos que não são felizes nesta época
especial, mas
para isso necessitará de fazer algo. Terá de se dirigir ao norte de Folha
Branca e subirá à
enorme montanha gritando: Eu desejo ser feliz.”
Assim que Daniel
acabou de ler a carta, esta imediatamente desapareceu. Amália e
Daniel perceberam
que teriam de fazer aquele dever para mudar as suas vidas em algo
melhor. Parecia
algo impossível, contudo iria realizar o maior desejo dos jovens. No dia
de Natal partiram
em direção ao norte e com sorte, estariam lá ao anoitecer. O vento
rasgava o ar, a água
enchia o riacho e a neve caía lentamente. A viagem tornava-se cada
vez mais difícil
e Amália não estava a conseguir continuar.
Daniel virou-se para ela e
afirmou:
- Amália, não pode desistir!
Temos de nos dirigir para o norte, por mais difícil que
seja!
- Mas eu já não
tenho forças! Vou acabar por morrer congelada. Vai ter de continuar
sem mim. –
respondeu Amália em sofrimento.
Nesse momento Daniel não sabia
o que fazer. Só sabia que não podia deixar Amália
naquele estado.
Era a única pessoa que o compreendera e que o podia ajudar a ser feliz.
Agarrou em
Amália, enrolando o seu casaco em redor dela. Começou a correr contra os
ventos, as águas
e a neve gelada dirigindo-se o mais rapidamente ao norte de Folha
Branca. Por fim,
quando chegou à grande montanha pousou Amália numa rocha gritando:
- Desejo ser
feliz com a Amália e que o futuro nos una! Tudo o que eu preciso é dela.
Ditas as
palavras, o vento, as águas e a neve pararam. A tempestade adormeceu e no
cimo da enorme
montanha ergueu-se uma bonita casa de madeira toda iluminada. Daniel
não olhando para
a casa, dirigiu-se a Amália perguntando:
- Está bem? A tempestade já
terminou, pode levantar-se.
Demorou um pouco a obter a
resposta e Daniel começou a ficar preocupado, mas assim
que lhe deu a mão
viu os seus olhos a abrirem-se lentamente e Amália levantou-se
abraçando Daniel.
O final deste conto já se
sabe. Ficaram os dois juntos e foram felizes, percebendo
que a felicidade
estava à sua frente. Apesar de terem uma casa e condições para viver, a
maior felicidade
dos dois era terem-se um ao outro.
Carolina Viegas, 8º ano